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quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Glauberianas

Anabazys vem a ser o novo documentário de Joel Pizzini, o mesmo diretor de 500 almas, um documentário com imagens do longa " A Idade da Terra", recortes achados praticamente no lixo, como disse o próprio diretor. Caminha-se pelas expectativas de Glauber, atravessa o seu olhar, suas composições, improvisações, como era o seu entrelaçar com a estética. Antropofágico, revolucionário, desobediente, Glauber quem diria é um maluco que faz sentido. E é muito atual, vê-lo ali, não como diretor, mas como o próprio protagonista, é perceber que foi ele quem reiventou o cinema, ele é mais convincente que qualquer Manifesto Dogma 95. Ele que dialogou com os militares, foi odiado pela esquerda, via o mundo não como uma muralha entre capitalismo e socialismo, mas sim : países socialistas ricos X países socialistas pobres e países capitalistas ricos X países capitalistas pobres....acertando na mosca com sua estética da fome. Glauber veio para viver pouco, morreu com 42 anos, revolucionou o modo de diálogo do cinema. Causa espanto ainda, as pessoas que nunca viram a sua obra amam ou odeiam num primeiro contato. Eu me deslumbrei quando passou aos meus olhos "Deus e o diabo na Terra do Sol". Entendi porque ele foi tão adorado. Continuo a prestar atenção quando ele fala, ele vive, não só em seus filmes, mas no próprio Anabazys, é ele ali, do seu lado, olhando nos teus olhos, declamando as verdades sem medo de qualquer represália. Salve Glauber!!!