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terça-feira, 15 de dezembro de 2009

O meu tema, de minha vida nesse blog, tem sido quase que exclusivamente a maternidade.
Mudei de cidade, voltei para as minhas origens paraguaias, moro embaixo das asas seguras de minha mãe, mas o que me fez ver tudo com outros sentidos foi o fato de virar mãe. E tem coisa melhor? Acordar com um anjinho te abraçando e te beijando e dizendo: "Mãe, eu adoro dormir com você". Estou aprendendo sobre o amor, o Antônio me mostra como é que pode ser tão gostoso amar e ter de volta o mesmo amor.Coisas que com adultos dificilmente conseguiria. Com minha mãe não é assim, nem com o meu pai, pode ter sido. Será que é a magia de ser criança? Ter os olhos da bondade? Nem nos meus relacionamentos mais ingênuos foi assim...na verdade foi onde aprendi a me tornar "adulta", sofrendo, é assim que a gente saí desse mundo da fantasia, sabendo que na verdade o cara que você gosta nunca vai se apaixonar por você.Já com o meu filho é tão diferente, e este sentimento de ser rejeitada fica lá longe, me sinto amada pela primeira vez. Era o que me faltava, o que me encoraja, sei também que ele vai crescer e pode ser que se afaste de mim, mas agora quero aproveitar cada momento com essa criatura que me faz feliz todos os dias.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Iracema

Há mais de dez anos minha família não se reunia. E dessa vez foi por motivo de morte. Os olhos de Iracema nunca mais se abrirão. E toda a rotina da casa mudará. E os gemidos não serão mais escutados, e Antônio vai entrar correndo pela casa e quando for querer ajudar a Dora a dar banho na sua bisavó não entendera porque ela não se encontra mais ali. E a minha mãe continuará fazendo perguntas, se questionado se fez o possível pra mãe dela viver. A tia Vanda desligará sua televisão, procurando algo para fazer, conversando sozinha irá compreender que aquele era o destino da vó.
E eu vou me lembrar das rosquinhas de pinga que ela fazia, da minha infância em Bernardes, dos olhos mais coloridos que já vi, da força dela de querer continuar a viver, enfrentando sua doença e morrendo serenamente como tinha que ser.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Infância


Tenho muita vontade de ser criança novamente. De acordar para brincar, andar de bicicleta, andar pelas ruas da cidade sem medo de nada, de chupar picolé de abacate, de me esconder embaixo da cama, comer coisa cor de rosa, dos abraços apertados de meu pai, dos meus cachorros, da minha pequenina Larissa.Ontem fui ver um espetáculo francês que me remeteu a todo esse cenário. Era um homem e a sua bicicleta. Música, luz e sorrisos vibrando por toda a platéia. " Você não vai andar de bicicleta para sempre", dizia a voz que deixava o protagonista agoniado. Era, na verdade, uma metáfora, de que você criança um dia vai ter que abandonar a sua infância para se enveredar na vida adulta. E isso é doloroso, pra mim ainda está sendo. Tudo que faço penso no meu filho, assim, ah, hoje tem um show lá no Parque, legal dá pra levar o Antônio, ou vai ter uma peça infantil, bacana, ele vai adorar. Ou olha só tá chovendo, vamos colocar nossas capas de chuva e sair correndo por aí??
Volto a minha infância com o meu filho. E é tão verdadeiro esse estado que quando volto a minha vida adulta, burguesa, de preocupações financeiras me entedio fácil. Saio da minha aula de manhã pensando em como posso transformar o dia de Antônio.E na verdade , sem querer, estou pensando em como posso transformar a minha vida. Sexo, drogas e rock´n´roll já não tem mais graça. Acordar de manhã e passear com ele, tomar água de coco, e fazer castelinho de areia me traz serenidade. Pode ser até uma forma de se esquivar da realidade, mas ainda estou procurando saber o que quero e o que me faz bem.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Tudo novo de novo

E não é que os grandes amores ainda por serem estes nos deixam serenos e com aqueles suspiros que ninguém sabe explicar... estou assim, rindo à toa, achando o mundo divertídissimo, tendo tesão nas minhas coisas do dia-a-dia. Novos rumos, novas tarefas, novos cursos, estou estudando, me preparando para os futuros concursos. Fazendo sínteses em papel pardo, usando as canetinhas do Antônio, me pondo na linha. Não passei naquele, sem problemas. Vamos arregaçar as mangas e tentar novamente. Estou entendendo, preciso comer castanhas! O homem que amo também está ocupadíssimo e isto é ótimo! Nos encontramos no final do dia, lá pelas dez da noite, morrendo de saudade um do outro. Voltei a ler jornal, sem amargura no coração, voltei a ler histórias para o meu filho...voltei a ter saudade dos meus verdadeiros amigos.Minha irmã está aqui e me enche de carinho, minha mãe se abre comigo, e meu pai do jeito dele...preciso ter coragem pra dizer a ele que ainda o amo. Não sei como chegar nesse clímax, preciso me abrir para o perdão. Preciso de poesia, boa pedida pro meu aniversário. Preciso de uma banho de rio. Preciso de fé.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Frost/Nixon

Subi na cadeira procurando o cigarro em cima da geladeira. Fazia frio e com a barriga roncando pensei que o melhor seria não fumar. Descobri que sou burguesa, sim, quero sair pra jantar num lugar quentinho. Sem dinheiro, com tudo pago. Sem dinheiro e sem emprego com quase trinta anos na cara. Essa martelada pequeno-burguesa que me consome. Resolvi ter um filho, achando que seria apenas mais uma experiência em minha vida. Não sabia quanto avassaladora era. Descobri que quero me arrumar, passar lápis nos olhos, escovar minha lingua, tudo o que o consumismo pode me fornecer. Descobri que preciso ganhar dinheiro. Descobri que o sonho acabou. E resolvi me isolar. Mas não, o meu sofrimento é egocêntrico demais. Tenho que fingir que está tudo bem, não sou poeta, sou burguesinha que vive embaixo das asas da mamãe. Ele manda recados, sei que está me chamando de idiota, eu não quero ouvir o barulhinho do celular. Acabei com o dia dele. Mas para ser livre é preciso não ter medo, como diziam os franceses.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Dance lounge tecno pop rock jazz disco funk'n'roll?




O primeiro integrante fazia parte de um projeto de e-music chamado Every Single Soul, o segundo sempre gostou de jazz, e o terceiro gosta do que rola nas rádios hoje e o que rolou há 60 anos atrás. Léo Copetti, Léo Cavallini e Márcio “Japa” Yoshimoto resolveram se juntar no início de 2008 para ver no que dava essa geléia geral. E daí surge o Deletronica, banda que mistura o que acontece na música eletrônica, com pitadas jazzsísticas e ambientes New Rave.
Mas, além disso, há as canções, sim, as músicas não são só instrumentais.Léo Cavallini mostra pra quê veio nesse mundo. Com uma voz à la Tim Maia, o vocalista ainda se diferencia pelo sax barítono, que surge no meio dos loops de Léo Copetti. E ao fundo, vem a guitarra do Japa, que sem ela não teria muita graça.
“A banda surgiu com o intuito de renovar o antigo projeto ESS, então a Deletronica se originou a partir do fim ou do tempo que eu dei no ESS”, explica Copetti.
O convite partiu de Copetti, Léo Cavallini já o conhecia das antigas, e um dia resolveram se juntar. “A gente trocou uma idéia aí eu apareci na casa do Copetti, levei sax, flauta, trompete, e acabou rolando um som e veio disso (...) daí dei um toque no Japa pra ver se ele estava a fim de tocar, e ele começou a ensaiar com a gente”, relembra Cavallini.
Japa também recorda que o trio ficou “hibernado” na casa do Léo durante uma semana tirando as músicas. Sobre o gênero musical os três concordam que existe uma nuance de estilos, não dá pra definir que o som seja somente música eletrônica. “O Deletronica não é essencialmente música eletrônica, eu acho que é a mistura que fica legal, porque no final das contas a gente está fazendo canções”, argumenta Cavallini. Para Copetti seria um estilo eletrônico, mas não de pista, nas próprias palavras de seu fundador, seria “um dance lounge tecno pop rock jazz disco funk´n roll”.
Ares de outono, strangers on love, Cadê você, a dança, procession, murmúrios entre outras composições da banda vêm se encaixar nessa contemporaneidade que a mesma dissemina. A grande intervenção dessas novas bandas que estão surgindo na Capital, como Dimitri Pellz, Curimba, Haicais, Louva Dub, estas que não se preocupam em apenas reproduzir o que já existe, batem de frente com a questão comercial.
“É mais difícil porque o pessoal precisa de bandas covers, o pessoal não quer valorizar uma cena local, fica difícil então ter espaço. Rola fechar uma temporada, um dia, uma data ou outra, mas não dá pra se sustentar direito”, afirma Copetti.
Mas Japa concorda em partes dizendo que o Deletronica teve sim os seus momentos gloriosos, como a apresentação no Festival América do Sul, no ano passado e também comenta sobre a importância do próximo Som da Concha, que vai acontecer agora dia 22 de março, onde será a atração principal. “O Deletronica teve bastante oportunidades desde que se formou, no Festival América do Sul foi onde a gente fez o segundo show, tocamos no Lôla e agora estamos nos preparando para o show lá no Parque das Nações, que será bem bacana também”.
A banda está aguardando o resultado do FIC (Fundo de Investimento Cultural) que sairá no mês de abril, se for classificada a investida será na gravação do primeiro cd. Enquanto fica na expectativa , o trio continua divulgando suas músicas através do My Space ( www.myspace.com/deletronica) e procurando novos lugares para tocar.
Para quem não conhece, fica o convite, dia 22 de março, à partir das 17 horas, com a banda Mariachi abrindo, show do Deletronica no Som da Concha, no Parque das Nações Indígenas.

Fotos-crédito: Bolívar PORTO

sábado, 21 de fevereiro de 2009

novas formas de resistência às novas formas de manipulação


Polícia Federal invade Rádio Muda FM e apreende equipamentos


A Polícia Federal, em mais uma ação imoral, roubou todos os equipamentos da Rádio Livre Muda na madrugada do dia 19 de fevereiro na Unicamp-SP. Com ação abusiva doze policiais federais, 2 chaveiros e 1 delegado arrombaram a porta e levaram os equipamentos do patrimônio imaterial que há 18 anos proporciona comunicação livre para a cidade de campinas. Sem a presença da Anatel e o fato de terem levado os equipamentos, quando o recomendado é apenas lacrar, a ação pode também ser considerada ilegal. O próprio mandado assinado pela juíza Fernanda Soraia Pacheco Costa consta que a ação deveria ser feita juntamente com técnicos da Anatel. O processo é de 2006, o mandado foi assinado redigido no dia 21 de Junho de 2007 e certificado no dia 09 de Fevereiro de 2009.

São mais de 40 programas veiculados de domingo a domingo com programação diversa onde qualquer pessoa tem seu espaço para expressar seu pensamento através de músicas, textos, falas, poesia, zumbidos, silêncio e o que aparecer na programação. A rádio não tolera publicidade e se organiza com base nas discussões e atitudes dos indivíduos. Isso irrita os meios de comunicação hegemônicos que insistem em mentir sobre a falácia de que as rádios livres causam interferência na comunicação de aviões.

A reitoria da Unicamp manifestou apoio à Rádio Muda assim como inúmeras rádios livres e comunitárias de todo mundo. A Muda é referência na resistência contra o modelo de comunicação impregnado no Brasil onde apenas alguns grupos detém concessões públicas, muitos destes comandados por políticos como o Ministro das Comunicações Hélio Costa. Aliás, o atual governo não tem diferença nenhuma dos passados na política de comunicação, às vezes até pior.

Apesar da ignorância e falta de respeito a Muda deve continuar a manter vivo o movimento de Rádios Livres que vê neste acontecimento motivo para se fortalecer ainda mais e manter a comunicação livre por todo lugar. Procure-nos em uma freqüência da sua cidade.


http://muda.radiolivre.org/

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

“Feliz Natal” estréia na programação do 6° Festival de Cinema de Campo Grande


Caio, um homem na faixa dos 40, após ficar anos longe da família resolve voltar em pleno natal. Esse é o cenário do primeiro longa do novato diretor Selton Mello, intitulado “Feliz Natal”, que está participando da mostra competitiva do 6° Festival de Cinema de Campo Grande.
A volta do filho renegado lembra um pouco “Lavoura Arcaica”, filme de Luiz Fernando Carvalho, em que Selton vive o protagonista André. Baseado na obra de Raduan Nassar, “Lavoura Arcaica” traz uma atmosfera pesada e poética da convivência familiar.
E “Feliz Natal” não foge à regra, até parece ser uma continuação deste, André se transfere nas inconstâncias de Caio. O filme transmite a angústia de cada personagem, e a solidão que desespera cada um nos encontros de fim-de-ano.
Dirigido e escrito por Selton, o filme traz um elenco escolhido a dedo, nomes como Darlene Glória, Lúcio Mauro (que finalmente mostrou sua versão dramática), além de Leonardo Medeiros ,Graziella Moretto, Paulo Guarnieri e o menino Fabrício Reis , o longa relata as expectativas e desilusões que vão se entrelaçando na narrativa, sendo alteradas pela presença do protagonista.
Caio, interpretado por Leonardo Medeiros, decide voltar pra casa, encontra a mãe entorpecida de remédios e álcool, o pai que não consegue lhe perdoar, a cunhada que tenta segurar a barra, mas também passa por crises, o irmão bem-sucedido que lhe despreza, enfim, reencontra todas as nuances da sua família numa festa de natal.
Darlene Glória com seus olhos de ressaca interpreta a dissimulada Mércia, mãe de Caio, grande sacada de Selton, pois ele a conheceu durante as gravações de seu antigo programa no Canal Brasil “Tarja Preta”, se encantou tanto com a atriz que mesmo com o roteiro já finalizado resolveu incluí-la na trama.
Lúcio Mauro deixa a comédia de lado e surge como o pai rancoroso, o velho safado que tenta transparecer que se deu bem na vida. Já Paulo Guarnieri se apresenta como o irmão de Caio, Théo, aquela figura típica que existe em toda família, consegue sustentar a todos, mas não tem o controle da própria vida. Graziella Moretto também mais conhecida pelos os seus papéis cômicos, desenvolve de forma autêntica a cunhada Fabiana que tenta se esconder atrás do sorriso amarelo. Se a sua nudez no filme trouxe polêmica na classe artística, tendo até manifesto antinudez defendido pelo ator Pedro Cardoso, o que se presencia durante a cena não é uma nudez desmedida, com aspectos pornográficos, mas sim uma nudez que serve de parâmetro para todos os transtornos da própria personagem.
Selton que já vinha experimentando estar por trás das câmeras há algum tempo, produzia e dirigia “Tarja Preta”, também dirigiu um vídeoclip da banda IRA! conseguiu realizar um filme denso, angustiante, difícil de ser engolido. Levou para a casa três prêmios no Festival de Cinema de Paulínia , incluindo melhor direção , melhor atriz coadjuvante (Darlene Glória e Graziella Moretto) e Menção Especial (Fabrício Reis), faturou mais cinco prêmios no Festival de Cinema do Paraná e mais nove no FestCine de Goiânia.
Para quem não viu, fica a dica, até o dia 24 desse mês está em cartaz na programação do 6 ° Festival de Cinema de Campo Grande, no Cinecultura, que fica no Pátio Avenida.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Das antigas

Não me sinto mais só
Antônio preenche o medo
meu tormento de ser sozinha

Ainda perdida,
melhor desiludida
Amadurecida

Vou calar-me
exigir o que é impossível
Pra quê?

Violações, desrespeito
eis o casamento
Censura, omissão

Você máquina de escrever
será minha válvula de escape
sem entorpecentes

Lúcida, sigo
Nova, transposta
a uma vida
de meu ventre
nasce a salavação!

06/06/06

domingo, 4 de janeiro de 2009

Ausência


Quando a gente começa a ser adulto, os problemas saem do plano teórico e passam a se concretizar. Renato, pai do meu filho, veio visitá-lo. Ficou 6 dias e partiu o coração dele. Antônio sempre pergunta do pai, por mais que a figura paterna esteja inserida no meu próprio pai, ele ( Antônio) tem a necessidade de ter a presença desse pai ausente por perto. Mostro fotos, ligo, falo pelo MSN, tento manter esse vínculo. Dessa vez, o meu filho já conseguiu demonstrar toda a fragilidade que envolve o seu pequenino ser. O pai estava tentand0 explicar que tinha que partir. Ele chorava aos berros: - Papai, não me deixe, eu vou com você...não vou deixar você ir. Imaginem como fiquei. Aquela criaturinha já estava sofrendo as consequências do que fiz da minha vida, e já que ele veio do meu ventre, era a sua própria realidade que estava presenciando. Não tem nem 3 anos e sente a dor da partida, a saudade e a estranheza do pai não viver com ele. E alguns dias atrás ele se queixou que às vezes eu desapareço, muitas vezes quando tem um monte de gente na chácara, dou uma escapada e vou para a cidade, e volto no outro dia na hora do almoço. E fazia isso achando que ele não sentia a minha falta. Pois ele veio todo sentido falar que fica me procurando e não me acha. Como eu nunca tinha percebido que na verdade ele me vê como mãe mesmo?? Às vezes por não ser uma mãe padrão, percebo isso principalmente quando vou pegar Antônio na escolinha, todas as mães chegam bem vestidas, de salto alto, e elas tem cara de mãe, eu chego de moletom, chinelo e sem pentear o cabelo. Fico me questionando se a minha postura é encarada como a de uma mãe ou se na verdade ele me vê como uma irmã mais velha. E agora sei, que por mais que a aparência não me mostre como uma mãe, fazendo uma radiografia, que só ele pode fazer e sentir, sou eu a mãezinha dele. E à partir disso, desde a época que a minha barriga ficou enorme, eu já sabia que seria mãe, e a minha vida ter virado de ponta cabeça por causa disso, são nesses momentos que se levam marteladas na consciência. E são esses os problemas reais, os outros começam a se desfigurar, porque tentamos camuflar o que realmente interessa. E é ele o amor da minha vida. O coração dói de verdade quando o vejo chorar. Nunca tive amor maior que esse. E o resto não me interessa mais. Agora só quero aquilo que irá me fortalecer para seguir em frente.