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quarta-feira, 25 de setembro de 2013

E importa saber quem foi o culpado?
Quem é o autor e o réu dessa história?
Eu não fazia papel de vítima,
eu só sentia com todo o meu coração,
a dor de não te ter mais em meus braços.
De sentir um vazio imenso na alma,
andar em círculos sem achar um caminho.
Tento me libertar das culpas,
das expectativas que eu também criava,
pois no fundo você não vai se sair melhor por ter sido minha vítima,
ou eu vou ganhar o jogo por ter sido o seu algoz.
No fundo não sabemos o que fazer com corações despedaçados,
é o ciclo seco, nada mais nos atinge.
Não vomite toda a sua mágoa em mim.
Estou tentando viver sem esses sentimentos.
Esperança eu tinha de num passe de mágica voltar a ser feliz com você.
É muita ingenuidade da minha parte.
Aceito o destino sem pretensões.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Volto hoje pra casa.
Tenho que enfrentar esse receio da solidão.
O silêncio que invade os cômodos.
Sobe as escadas,
me encontra desarmada.

São Jorge me dê proteção,
Faço essa prece,
vou te colocar perto da porta principal,
pra me trazer bons fluídos.

Lendo Caio F. percebo,
as plantas fazem companhia
e dão trabalho,
vou me cercar delas .

Hilda na sua Casa do Sol,
se isolou do mundo,
seus cachorros lhe davam carinho e atenção.
Quero também ser invadida por cães.

Faço compras,
tenho que arrumar o aquecedor solar,
dar nova vida a casa,
que um dia foi sua.

Não quero olhar para aquele canto,
e me lembrar do armário da sua vó.
Preciso preencher os espaços vazios,
dentro de mim.

Ser uma desmemoriada de amor,
ou passar pelo ciclo seco,
sem tentar entender coisa alguma,
sim, também sinto o vácuo em minhas entranhas.

Mas não fujo,
estou aqui,
mulher feita, de olhos não serenos,
que vive e luta.

Talvez tudo faça sentido,
quem há de entender o destino?
Setembro se despede,
pra você que não tem mais pressa.

Acalma,
é só com a dor que se aprende.
O tempo...
cura todos os males.
Espera !




segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Ode a um sociopata

Então são quase sete horas,
e eu preciso sair,
tratar de ser eu mesma,
passeando por aí.

Quisera ser a Ellen Gracie,
com seu coque montado,
cabeça de julgador,
 em suas vestes talares.

Não, não nasci pra ser assim,
tampouco engomada,
nos perfis do judiciário,
sou apenas aguentável.

O que será que será?
Pergunta redundante,
Galeno é quem responde:
Não quero saber de mim,
quero mesmo é mudar o mundo.

Dinheiro não me interessa,
Pompa de festas, whisky regado,
Charutos e expressões de superioridade,
Não tenho esse viés.

Prefiro falar com o copeiro,
do que olhar pra cara de certos "doutos",
Prefiro lutar pela minha liberdade,
do que me entregar ao sistema.

Diz minha mãe que tenho sociopatia,
não é possível minha menina,
ser tão agressiva dessa forma,
Sim, minha mãezinha.

O mundo lá fora me fez essa daí,
que não abaixa a cabeça,
que luta,
por uma vida digna para todos.

Se isso é ser sociopata,
podem me internar,
pois não vou mudar,
abraço somente quem eu quero: os meus irmãos.

Não pretendo fazer caras e bocas,
e fingir que está tudo bem,
Puxar  o saco da corja,
só pra me dar bem.

Sete horas batem a minha porta,
eu já me lanço.
Um dia....ah, um dia,
terás orgulho de mim!




segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Todo cambia




Já passei por esse estado mental algumas vezes, de perda, solidão, desespero e dor.

Conhecia um único caminho pra tentar enfrentar essas sensações, a vereda dos poetas, loucos, marginais e afins. É verdade, sempre gostei desse lado, sempre me atraiu o submundo, talvez porque eu achava que só assim conseguiria escrever, tinha que espremer até a última gota, queimar a largada, como cansa de repetir um amigo meu.
Mas hoje, com a cara inchada de tanto chorar, com o corpo exausto, devido a falta de comida e sono, acho que não vou mais me compadecer desse pensamento.
Não vejo que é isso que vai me fazer evoluir, que é dessa forma que vou aprender a finalmente me virar sozinha. As respostas podem estar aqui na minha frente. A mudança é agora, nesse minuto, nessa mesa, na minha postura. A vida é sagrada, como diz o meu ex e eterno amor.
O que me mata e me faz ficar cada vez mais cega?
O que fazer com toda essa liberdade?
Tomar decisões, pequenas decisões cotidianas, atravessar o senso comum, o "cool", o esperado.
Porque eu sei que as pessoas me olham e julgam.
Já ouvi, outras pessoas vieram me falar....e essas mesmas pessoas que me julgam e apontam o dedo, são justamente essas que se dizem tão libertárias...papo furado.
Cansei de ser a porra louca do mundo.
Todo cambia, Mercedes canta, e é pra mim.
Eu sei diva, eu vou mudar também.
Não vou fazer uma lista das minhas pretensões.
Mas lavar o rosto e enfrentar o mundo já faz parte da mudança.
Até que sorrio devagarinho.
Chegou a hora.
Eu X Eu.
Eu sei que perdi um grande amor, o maior de todos os tempos, porque de repente me entreguei, me perdi na crueldade da vida. E é tão bom abrir os olhos, se encarar, e perceber o que você não quer.
Não é, Léo?
Não sou forte o bastante ainda.
Vou tentar. Por mim.
Por nós.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Campanha “Dudu Livre” arrecada livros para presídio e denuncia arbitrariedade da Guarda Municipal


 
 
 
Durante a manifestação do dia 7 de setembro na Praça do Rádio, organizada por várias associações e movimentos sociais, tais como Anonymous Mato Grosso do Sul, Vem Pra Rua Campo Grande e Grito dos Excluídos, amigos do ator Eduardo Miranda Martins, o Dudu, irão lançar uma campanha com o intuito de cobrar das autoridades do Poder Judiciário a sua soltura.

Como estratégia de mobilização, serão arrecadados livros para que sejam doados ao Centro de Triagem, presídio onde Dudu se encontra. Dessa forma, enquanto não ganha a liberdade, Eduardo poderá promover atividade cultural importante, incentivando a leitura entre os detidos e os agentes carcerários, organizando uma biblioteca no local.

Outra forma de chamar a atenção da opinião pública será através de uma intervenção artística. Os amigos do ator vão ficar, durante as manifestações do dia 7, enjaulados, revezando-se, a fim de que as pessoas que estejam na praça tomem conhecimento do abuso de poder ocorrido nessa prisão, do desrespeito às garantias e direitos fundamentais e das liberdades individuais.

A performance questiona as políticas criminais e de segurança pública, que não são pautadas por valores democráticos e tampouco voltadas ao interesse público.

Droga plantada

Dudu foi preso após a passeata do dia 21 de junho, em frente ao Paço Municipal, como assevera Carol Emboava, testemunha que estava ao lado dele no momento em que foi pego:

“De repente, vimos um movimento de cerca de cinco pessoas com roupas normais saindo da ‘corrente’, ‘paredão’ que cercava a Prefeitura. Eram guardas municipais que ‘protegiam’ a Prefeitura. Um fingiu que foi pegar o ônibus, os outros foram para o outro lado disfarçando... chegando perto do ponto de ônibus, o homem que fingia estar esperando o ônibus (guarda à paisana, estava de boné vermelho, blusa branca, jeans, capa de chuva e mochila estilo ‘saquinho’) correu e pulou no Eduardo Miranda, os outros homens (guardas à paisana) que foram para o outro lado chegaram o derrubando, rendendo o Eduardo. Ele caiu, colocou os braços para cima e disse ‘mas eu não fiz nada, eu não fiz nada...’. Eu esperei que eles me pegassem, não me pegaram, eu saí caminhando lentamente e observando, foram levando o Eduardo Miranda para trás da Prefeitura, para dentro da ‘corrente’, do ‘paredão’ de guardas que estavam trabalhando naquele dia.”

Outra questão intrigante revelada pelos autos de inquérito policial é que Dudu foi detido aproximadamente às 20h30, mas só foi levado para a DENAR (Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico), segundo consta na lavratura do termo de detenção, por volta de 01h40, o que demonstra a ilegalidade da ação dos guardas municipais.

Dudu foi enquadrado pelo crime de tráfico de drogas, de acordo com a denúncia do Ministério Público. Supostamente foram encontrados em sua mochila 23 papelotes de cocaína e uma trouxinha de maconha.

Desde o ocorrido, seus amigos se mobilizam via Facebook para relatar uma nova versão dos fatos, a de que a droga foi plantada pela Guarda Municipal, ou seja, de que houve um flagrante forjado. Também denunciam que o modo como a prisão foi realizada teve caráter arbitrário e ilegal.


Na primeira semana em que Dudu ficou detido no Presídio de Trânsito, nenhum advogado conseguiu visitá-lo. Para garantir essa visita – que é direito constitucional –, a advogada Carine Giaretta teve que acionar a Comissão de Direitos Humanos da OAB e a Comissão de Defesa e Assistência das Prerrogativas dos Advogados, sendo que os membros da primeira comissão também participaram da impetração de habeas corpus.

Os advogados de Eduardo Miranda, Rogério Batalha Rocha e Arnaldo Molina, já impetraram habeas corpus, que não foi conhecido pelo Desembargador Relator, Carlos Contar, bem como promoveram um pedido de revogação de sua prisão na 4ª Vara Criminal de Campo Grande, que foi indeferido no dia 03 de setembro.

Cidadão politizado e com engajamento cultural

Eduardo Miranda Martins é um jovem negro de família muito humilde. Foi candidato a vereador pelo PPS em 2012. Seu discurso político incluía um enfrentamento à Guarda Municipal, com declarações contra o Projeto de Lei – atualmente aprovado – que altera o art. 8º da Lei Orgânica do Município, autorizando o porte de arma pelos guardas. Entre outras coisas, Dudu criticava a falta de um regimento disciplinar para a Guarda.·.

Além disso, no dia 30 de abril, Dudu protocolizou reclamações contra a Guarda Municipal na Câmara dos Vereadores, na OAB e no Ministério Público Estadual, alegando ter sido espancado por 12 integrantes da Guarda, o que foi amplamente divulgado pela imprensa. O processo administrativo está sendo apurado pela Corregedoria da Secretaria de Segurança Pública de Campo Grande.

Os amigos de Dudu apontam para a estranheza do fato de que apenas ele, entre os ativistas presos nas manifestações de junho, foi acusado pelo delito de tráfico de drogas, justamente pela Guarda Municipal que o ator vem denunciando há muito tempo.

Dudu, além de ser cidadão politizado, tem participação ampla em atividades culturais na cidade. Coordenou e participou de diversos eventos como o Festival das Culturas Populares, Cinema Livre, Vídeo Índio Brasil, Teatro no Ponto, Avá Marandú, Semana Brecht, Mídias Contemporâneas e Narrativas Populares, Campo Grande Meu Amor, além de ser professor de teatro no projeto “Casa de Ensaio”.