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terça-feira, 2 de junho de 2009

Frost/Nixon

Subi na cadeira procurando o cigarro em cima da geladeira. Fazia frio e com a barriga roncando pensei que o melhor seria não fumar. Descobri que sou burguesa, sim, quero sair pra jantar num lugar quentinho. Sem dinheiro, com tudo pago. Sem dinheiro e sem emprego com quase trinta anos na cara. Essa martelada pequeno-burguesa que me consome. Resolvi ter um filho, achando que seria apenas mais uma experiência em minha vida. Não sabia quanto avassaladora era. Descobri que quero me arrumar, passar lápis nos olhos, escovar minha lingua, tudo o que o consumismo pode me fornecer. Descobri que preciso ganhar dinheiro. Descobri que o sonho acabou. E resolvi me isolar. Mas não, o meu sofrimento é egocêntrico demais. Tenho que fingir que está tudo bem, não sou poeta, sou burguesinha que vive embaixo das asas da mamãe. Ele manda recados, sei que está me chamando de idiota, eu não quero ouvir o barulhinho do celular. Acabei com o dia dele. Mas para ser livre é preciso não ter medo, como diziam os franceses.