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domingo, 4 de janeiro de 2009

Ausência


Quando a gente começa a ser adulto, os problemas saem do plano teórico e passam a se concretizar. Renato, pai do meu filho, veio visitá-lo. Ficou 6 dias e partiu o coração dele. Antônio sempre pergunta do pai, por mais que a figura paterna esteja inserida no meu próprio pai, ele ( Antônio) tem a necessidade de ter a presença desse pai ausente por perto. Mostro fotos, ligo, falo pelo MSN, tento manter esse vínculo. Dessa vez, o meu filho já conseguiu demonstrar toda a fragilidade que envolve o seu pequenino ser. O pai estava tentand0 explicar que tinha que partir. Ele chorava aos berros: - Papai, não me deixe, eu vou com você...não vou deixar você ir. Imaginem como fiquei. Aquela criaturinha já estava sofrendo as consequências do que fiz da minha vida, e já que ele veio do meu ventre, era a sua própria realidade que estava presenciando. Não tem nem 3 anos e sente a dor da partida, a saudade e a estranheza do pai não viver com ele. E alguns dias atrás ele se queixou que às vezes eu desapareço, muitas vezes quando tem um monte de gente na chácara, dou uma escapada e vou para a cidade, e volto no outro dia na hora do almoço. E fazia isso achando que ele não sentia a minha falta. Pois ele veio todo sentido falar que fica me procurando e não me acha. Como eu nunca tinha percebido que na verdade ele me vê como mãe mesmo?? Às vezes por não ser uma mãe padrão, percebo isso principalmente quando vou pegar Antônio na escolinha, todas as mães chegam bem vestidas, de salto alto, e elas tem cara de mãe, eu chego de moletom, chinelo e sem pentear o cabelo. Fico me questionando se a minha postura é encarada como a de uma mãe ou se na verdade ele me vê como uma irmã mais velha. E agora sei, que por mais que a aparência não me mostre como uma mãe, fazendo uma radiografia, que só ele pode fazer e sentir, sou eu a mãezinha dele. E à partir disso, desde a época que a minha barriga ficou enorme, eu já sabia que seria mãe, e a minha vida ter virado de ponta cabeça por causa disso, são nesses momentos que se levam marteladas na consciência. E são esses os problemas reais, os outros começam a se desfigurar, porque tentamos camuflar o que realmente interessa. E é ele o amor da minha vida. O coração dói de verdade quando o vejo chorar. Nunca tive amor maior que esse. E o resto não me interessa mais. Agora só quero aquilo que irá me fortalecer para seguir em frente.

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