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sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Leilão Genocida





O velho oeste não está só nas telas de cinema, nem nas notícias de jornais antigos, o velho oeste existe aqui e agora, em cada instante que se respira em MS.
Vamos aos fatos dessa cilada sanguinária : Governo Federal estipula prazo para resolver a questão da demarcação das terras indígenas, não cumpre o combinado, apresenta uma minuta de  Portaria que só irá enrolar mais a demarcação, índios já disseram que irão revidar, pois estão desde a promulgação da Constituição Federal aguardando a demarcação de suas terrras originárias.

Do outro lado, fazendeiros, donos de suas propriedades "privadas", exigem que o Governo compre suas terras, não só indenizando as benfeitorias, querem que seja indenizado a terra nua, alegam que quando compraram de boa-fé essas propriedades, foram enganados pelo Poder Público. Só que esses representantes do agronegócio não fazem questão de esperar a solução do Governo Federal, já anunciaram um Leilão, marcado para o dia 07 de dezembro, que tem como objetivo arrecadar fundos para contratar empresas de segurança para defendê-los dos "perigosos" índios.

Refrescando a memória

 "O Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul acusa uma empresa de segurança de Dourados (250 km de Campo Grande) de atuar como "milícia privada" para intimidar e expulsar índios de terras sob litígio no Estado.
A Procuradoria pede a dissolução e o cancelamento do registro da Gaspem Segurança Ltda.
A empresa trabalha com vigilância e segurança privada, mas, segundo o MPF, realiza ações violentas para retirar índios guarani-caiová de terras ocupadas ou intimidá-los.
Funcionários da Gaspem também enfrentam processo pelas mortes dos líderes guaranis Dorvalino Rocha, em 2005, e Nísio Gomes, em 2011, na região de Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai.
Segundo depoimentos ao MPF, a empresa chegava a receber R$ 30 mil para cada desocupação violenta".

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/08/1334152-milicia-armada-recebia-r-30-mil-para-atacar-indios-em-ms-diz-procuradoria.shtml

 A taxa de assassinato dos Guarani-Kaiowá é quatro vezes maior que a média nacional, 100 assassinatos por 100 mil habitantes, ademais cerca de 90% dos homicídios não são solucionados.

Podemos citar alguns casos para embasar esse dado, como é o do do brutal assassinato do Cacique (Nhanderú) Nísio Gomes ocorrido na terra indígena Guay´viry, município de Aral Moreira, em novembro de 2011; do estupro sofrido em outubro de 2012, pela indígena Guarani - Kaiowá da aldeia PyelitoKue/Mbarakay cometido por oito homens; do assassinato de dois professores indígenas Guarani- Kaiowá, Rolindo Vera e Jenivaldo Vera, da terra indígena Ypo’í, do assassinato da rezadeira (Nhandesí) Xurite Lopes, da terra indígena KurussúAmbá, do atentado ao ônibus de estudantes Terenas, queimado por Coquetel Molotov em junho de 2011, na cidade de Miranda, o assassinato do Terena Oziel Gabriel, na retomada da terra indígena Buriti, e recentemente do líder guarani Ambrósio Vilhalva.

Segundo dados dos relatórios de violência do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), o Mato Grosso do Sul é o maior foco de conflitos entre indígenas e fazendeiros no país. O estado concentra 57% dos assassinatos de indígenas de todo o território nacional, 319 de 564 de todos os casos registrados na última década. Desde 2005, o Mato Grosso do Sul lidera os índices de violência contra indígenas. Em 2012, 37 dos 61 assassinatos ocorreram no estado - todos ligados à disputa por terra.

Fonte: http://www.cimi.org.br/site/pt-br/index.php?system=news&action=read&id=7060

Leilão da "Resistência"

Devido a uma ação ajuizada pelo Conselho Aty Guassu Guarani Kaiowá e Conselho Terena a fim de impedir a realização do Leilão, a juíza da 2ª Vara Federal de Campo Grande, Janete Lima Miguel, suspendeu o Leilão da "Resistência", todavia, os fazendeiros, donos do Oeste, afirmaram que irão descumprir a ordem judicial.

Conforme o presidente da Acrissul, aproximadamente 800 cabeças de gado foram arrecadadas para serem leiloadas, além de grãos e animais de pequeno porte. Entre os convidados estão confirmadas a presença de pelos menos 15 representantes do Congresso Nacional, entre eles os deputados federais Ronaldo Caiado (DEM/GO) e Luis Carlos Heinze (PP/RS).

Para Maia, o leilão tem a intenção de conscientizar os produtores rurais e uni-los para todas as questões que envolvem a terra. “Ontem foram os sem terra, hoje sãos índios, amanhã podem ser os quilombolas, o pessoal do meio ambiente, as ONGs, carga tributária, trabalho escravo, ou seja, uma serie de situações que se apresentam contra nós. O campo deveria receber prêmio pelo bem que faz ao país”, acredita.

Fonte: http://www.midiamax.com.br/noticias/884661-fazendeiros+continuam+com+leilao+para+financiar+combate+aos+indios+luta+terras+ms.html


De que lado você samba? De que lado você quer sambar?

Anuanciada a tragédia, o Coletivo Terra Vermelha juntamente com dezenas de outras instituições vem organizando um ato em favor das populações indígenas no Horto Florestal, dia 7 de dezembro, que vai começar às 14 horas e perdurará até a noite, com várias atrações musicais, teatro, exposição de quadros, debates, para a população que quiser ajudar, vai haver um ponto de coleta de alimentos e roupas, que serão posteriormente distribuídas para a população indígena que estão nas retomadas.
 O objetivo do ato é  mostrar que a sociedade em geral no Mato Grosso do Sul também tem setores que apoiam os movimentos indígenas e são contra a violência.

Hoje, à partir das 13 horas na Praça Ary Coelho, está marcado um panfletaço, quem quiser ajudar é só colar lá !

Depoimento emocionante de Maria Rita Kehl:

Do outro lado da estrada, os faróis dos caminhões iluminavam de passagem os fantasmas dos casebres em que eles viviam antes de entrar na fazenda. Se não era para entrarem de volta na terra que o fazendeiro tomara, por que tocaram fogo nas casas dos índios no acostamento?
Essa pergunta é a mais fácil de responder: maldade. Para mostrar quem manda. Além de manchar a perfeição monótona da soja, a simples presença de um acampamento indígena na beira da estrada arranha o sentimento de soberania do fazendeiro.
Não se trata de estética: o esqueleto dos casebres calcinados é muito mais feio do que a presença de gente inofensiva, mas persistente. Vai ver, o que incomoda é justo essa persistência a desafiar a lei do mais forte. A única lei que todos reconhecem na região. Menos os índios.
A razão dos guarani para permanecer na terra é um pouco mais sofisticada. Eles não admitem abandonar seus mortos. Que por sua vez foram assassinados porque se recusavam a abandonar a terra de seus mortos mais antigos -e assim por diante. O fio que dá sentido à vida deles não se rompe com a morte dos antepassados.
Ao contrário: os vivos continuam a se relacionar com os que se foram. Continuam ligados não apenas à memória dos mortos, como nós, mas ao terreno onde morreram e foram enterrados, pois ali eles ainda estão. Não se abandona a terra que abriga os corpos dos antepassados, dos companheiros e filhos, dos que morreram de velhice, de doença ou de tiro, ao proteger o mesmo cemitério indígena onde repousam antepassados ainda mais remotos.

Fonte: http://cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&action=read&id=7272


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