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quinta-feira, 5 de julho de 2007

O pai

Ele está lá no hospital a essa hora. Aguardando o momento da tão esperada cirúrgia, contando os minutos, agonizando, louco pra fumar um cigarro. Meu irmão está dando uma força, vai passar a noite lá com ele. Nos últimos dias não consegui ser tão Pollyana quanto deveria ter sido. Minha paciência de engolir sapos todo dia foi rompida com um simples " vai tomar no cú", seco e direto para mim. Meu relacionamento com ele nunca foi muito bom, se teve época que convivíamos na maior paz foi durante a minha infância. Ele era muito carinhoso, e quando eu era bebê, segundo a minha mãe, sempre foi muito prestativo. Ajudava ela a trocar as fraldas, dava banho na gente, e é assim que ele é com o meu filho. Disso não posso reclamar, se o meu filhote foi rejeitado pelo pai biológico, o meu pai tomou as rédeas da situação. Às vezes se empolga até demais, me sinto um pouco menos mãe, porque acabo não conseguindo educar do meu jeito. Mas ontem ele se superou, e mesmo que tenha me mandado tomar naquele lugar há três dias atrás, não teve como o meu coração não amolecer, ele, com menos de 24 horas para se internar, me ajudou a noite inteira com o moleque que estava ardendo de febre, não queria dormir, tava naquela manhã típica das crianças que estão doentes. E o meu velho, pai, companheiro, dormiu das duas até as cinco da matina, acordou e ficou com o guri até às oito, e foi encarar o seu destino. Daqui à pouco quando amanhecer vou para o hospital. Segurar a mão dele e rezar para que tudo ocorra bem...estamos nos revezando aqui, em cada turno vai alguém lá ficar com ele, a minha vez vai ser bem na hora da cirúrgia, vou estar lá antes e depois, e serei novamente aquela criança que ele pegava no colo e beijava a bochecha.

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