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quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Bom partido

Talvez seja isso: não sou um bom partido "casável" .
Vamos encarar os fatos: não paparico marmanjo, não sei fazer uma galinhada, não varro os 3 ou 4 insetos distribuidos nos cantos da casa, não sei lavar roupa de veludo, não tiro a mesa do café apressadamente, não vou a manicure, não uso batom diariamente, não pego a cerveja na hora do jogo, não arrumo a cama todo santo dia, não rezo.
Tem mais: não acompanho o marido toda vez que ele precisa viajar.
Aí, vem o lado perverso, temido: eu, assim, tão libertária !
Isso não pode, te desqualifica para o status "casável".
Não aceite cerveja de um desconhecido, não saia se não for ao lado do marido, não dance na frente do palco sozinha, não use vestidos curtos....e se for pra usar maquiagem, não invente de passar aquele lápis azul de olho, que só cai bem em européias.
Não fale palavrões, tenha postura, esteja sempre bem arrumada (dentro dos padrões de beleza), porque afinal de contas, aparência é tudo nessa sociedade capitalista patriarcal.
Eu tentei me enquadrar nos parâmetros aceitáveis da sociedade.
Na verdade, achava que eu tava velha demais pra ser eu mesma.
Mas quando ele me conheceu eu já era assim...
O que foi que mudou?
A boa moça se prostituiu para o mundo da subversão, a Pollyana, coitada, foi abduzida para as luzes do blues...gostou de sentar na mesa do bar, conversar com os amigos, ser ela mesma, pelo menos uma vez na semana.
Se identificou mais uma vez, com as reuniões, passeatas, vígilias, articulações políticas....mas isso não faz parte do mundo de mulheres que querem ser "casáveis".
Ficou só mais uma vez.
Mulheres assim, acabam sozinhas, impõe o patriarcado.

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